Relatório do Tribunal de Contas Europeu sobre o financiamento da UE no combate aos fogos florestais
O Tribunal de Contas Europeu (TCE) analisou a utilização dos fundos europeus destinados ao combate aos incêndios florestais em Portugal, Espanha, Grécia e Polónia. O relatório conclui que, apesar do aumento de verbas para prevenção, há falhas na aplicação desses fundos, falta transparência e sustentabilidade a longo prazo.
Principais pontos:
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Falhas na seleção de projetos:
- Em Portugal, fundos europeus foram atribuídos a uma zona parcialmente submersa, devido a um mapa de risco desatualizado que não refletia a construção de uma barragem.
- Decisões de financiamento foram tomadas sem consultar as autoridades competentes, por vezes com prazos curtos, como no caso da aquisição de 55 veículos de combate a incêndios, em que a autoridade responsável teve apenas 48 horas para apresentar as necessidades.
- Projetos de investigação, como um sistema robótico semiautónomo para limpeza florestal, não alcançaram os objetivos previstos.
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Falta de sustentabilidade:
- A prevenção é essencial, mas os fundos europeus, incluindo os do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR), não garantem a manutenção a longo prazo das medidas. Por exemplo, corta-fogos necessitam de manutenção contínua, mas não há planos claros para assegurar isso após 2026.
- O TCE alerta que os resultados dos projetos de prevenção podem "esfumar-se" em três ou quatro anos, caso não haja mais investimento.
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Melhorias na prevenção:
- Portugal aumentou o investimento em prevenção de 20% (2017) para 61% (2022), após os grandes incêndios de 2019. Medidas como a criação de corta-fogos e limpeza das matas são positivas, mas exigem continuidade.
- Projetos bem-sucedidos, como o LIFE LANDSCAPE FIRE, que utiliza técnicas de prevenção baseadas na pecuária e fogos controlados, não foram expandidos além da fase de investigação.
- Conclusões e recomendações:
- O TCE sugere que a Comissão Europeia promova boas práticas na seleção de projetos e avalie os resultados dos financiamentos, divulgando essa informação aos Estados-Membros.
- É essencial uma visão a longo prazo, dado o aumento da frequência e intensidade dos incêndios florestais na UE, agravado pelas alterações climáticas.
O relatório destaca que, apesar dos avanços, é necessário garantir que os fundos são aplicados de forma eficaz e sustentável, com foco nas zonas de maior risco e na manutenção das medidas preventivas.