O parlamento espanhol aprovou, numa primeira votação (ainda não definitiva), uma proposta para reduzir o limite máximo de álcool no sangue dos condutores de 0,5 para 0,2 gramas por litro. Esta medida, aplicável a todos os condutores, independentemente da experiência ou profissão, visa combater a sinistralidade rodoviária associada ao álcool.
No texto da proposta, o PSOE refere que o álcool e as drogas são das principais causas de acidentes rodoviários e que países como a Suécia e a Noruega, referências em segurança rodoviária, já aplicam o limite de 0,2 g/l, considerado “tolerância zero” por organizações internacionais.
Joana Teixeira, presidente da Sociedade Portuguesa de Alcoologia (SPA), considerou a iniciativa “de louvar” e uma “medida muito importante”. Defendeu que Portugal deveria seguir o exemplo, alertando que há diferenças significativas entre os efeitos de 0,2 g/l e 0,5 g/l no comportamento do condutor. Com 0,2 g/l, há uma leve euforia e redução da coordenação motora, mas com 0,5 g/l, os sintomas incluem fala lenta, descoordenação, perda de julgamento e aumento de comportamentos impulsivos, o que aumenta o risco de acidentes.
A especialista sublinhou que a taxa de sinistralidade rodoviária associada a 0,5 g/l é cerca do dobro da verificada com 0,2 g/l. Defendeu ainda que o limite de álcool no sangue devia ser zero em Portugal, onde o consumo diário de álcool é o mais frequente da Europa (21% da população, segundo dados de 2024). Alertou também para o aumento de 50% da taxa de dependência de álcool entre 2012 e 2022, que passou de 3% para 4,2%, um problema que exige atenção urgente.
Joana Teixeira defendeu campanhas de sensibilização para alertar a população sobre os riscos de conduzir sob efeito de álcool, visto que há falta de conhecimento sobre os seus efeitos na perceção e comportamento.
