O professor jubilado do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) da Universidade Nova de Lisboa, Jaime Nina, explicou que Portugal não está em risco significativo de surtos de mpox (anteriormente conhecido como “varíola dos macacos”). Esta segurança deve-se a fatores geográficos, sociais e ao sistema de saúde português, que tem capacidade de resposta rápida e eficiente.
A doença é endémica na República Democrática do Congo (RDCongo), mas a zona mais afetada, onde predomina a variante clade Ib, está distante das fronteiras com Angola. Apesar da presença de milhares de portugueses em África, o risco de importação da doença é considerado baixo.
Portugal já registou casos da variante clade II, originária da África Ocidental, em 2022, mas a transmissão foi contida, principalmente porque os casos estavam limitados a homens homossexuais.
O investigador defende que a erradicação de doenças virais exige um esforço global e coordenado. Propõe um programa massivo de vacinação na África Subsariana, apoiado por países desenvolvidos, para evitar a propagação do vírus.
O mpox foi identificado pela primeira vez em macacos em 1958, mas o nome é considerado incorreto, já que o vírus não é exclusivo desses animais. O primeiro caso humano foi registado em 1970 na RDCongo. O vírus circula entre animais e humanos (zoonose), o que dificulta a sua erradicação, ao contrário da varíola, que só afetava humanos.
Existem duas variantes principais do vírus: o clade I, da África Central (mais letal), e o clade II, da África Ocidental. A doença foi declarada uma emergência de saúde pública pela União Africana em 2024, e a OMS mantém o alerta sanitário internacional.
Os sintomas incluem erupções cutâneas dolorosas, febre, dores musculares e inchaço dos gânglios linfáticos.