Às duas da tarde, no Banco Alimentar do Porto, em Parafita, Matosinhos, o movimento é intenso. Funcionários de instituições locais apressam-se a recolher cabazes de bens essenciais, sempre de olho no relógio — têm pouco tempo disponível. Mais de uma dezena de veículos, desde carrinhas a furgões, estacionam à porta. A organização do espaço é como um jogo de Tetris: primeiro as caixas de produtos mais pesados (arroz, massa, óleo) e depois os alimentos frescos.
Rosa Maria, voluntária há 12 anos, explica que o armazém já esteve mais cheio. A última recolha de alimentos foi em outubro ou novembro, e desde então o stock tem diminuído à medida que os cabazes são distribuídos. Belina, cozinheira do Lar Luísa Canavarro, veio buscar alimentos para a instituição, que apoia mães solteiras. Leva o essencial: pão, legumes, arroz e leite, entre outros.
Em pouco mais de uma hora, as carrinhas carregaram e partiram. Fernando Ferreira, voluntário desde 2012, descreve a pressa: as instituições precisam das mesmas viaturas para levar crianças à escola ou ao ATL. Dentro do armazém, a azáfama continua com empilhadores e música ambiente, mas faltam voluntários. Fernando explica que metade dos voluntários aparecem apenas uma vez por semana, e é preciso mais pessoas para aliviar a carga de quem se dedica quase diariamente.
José Amorim, voluntário desde que passou à pré-reforma em 2018, faz de tudo: distribui, separa, conduz. “Em vez de estar em casa, estou aqui. Isto é o meu trabalho agora”, diz. Palmira Cruz, uma das voluntárias mais jovens, sente que recebe mais do que dá: “Saio de coração cheio, pelo que faço, pelo convívio e por saber que estamos a melhorar a vida de alguém”.
O Banco Alimentar continua em ação, mas precisam de mais braços para continuar a fazer a diferença.