José Sócrates anunciou, em declarações à agência Lusa, que irá realizar uma conferência de imprensa em Bruxelas, acompanhado pelos seus advogados, para apresentar publicamente uma queixa relativa ao processo em que está envolvido. O julgamento começa dois dias depois, na quinta-feira, em Lisboa.
O Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu, a 11 de junho, que Sócrates e o empresário Carlos Santos Silva irão a julgamento por três crimes de branqueamento de capitais. Segundo o tribunal, há indícios consistentes de que Santos Silva foi nomeado por Sócrates para gerir fundos destinados ao antigo primeiro-ministro entre 2011 e 2014.
Este processo foi separado da Operação Marquês, mas a juíza de instrução decidiu anexá-lo ao julgamento principal, marcado para 3 de julho, já que os crimes foram praticados em coautoria com arguidos do processo maior.
O advogado de Sócrates, Pedro Delille, anunciou a intenção de recorrer da decisão, alegando “nulidade por alteração substancial de factos”. A defesa argumenta que o processo foi baseado numa acusação da qual os arguidos não foram notificados, tornando-o inválido.
O tribunal considerou que os crimes de falsificação de documento, ocorridos entre 2012 e 2014, já prescreveram. Já os crimes de branqueamento de capitais estão relacionados com a alegada utilização de contas bancárias de uma sociedade controlada por Santos Silva e familiares para transferir fundos de origem ilícita para Sócrates.
Segundo a acusação de 2017, Santos Silva terá atuado como “testa-de-ferro” de Sócrates para ocultar valores supostamente recebidos como suborno para beneficiar grupos como o Lena, o Espírito Santo e o Vale do Lobo.