Ana Gomes apresentou uma participação à Procuradoria Europeia, com conhecimento das autoridades portuguesas, relacionada com o contrato entre o grupo Solverde e a empresa Spinumviva, da família do primeiro-ministro Luís Montenegro, e com a alegada falta de regulamentação no setor dos casinos. Em entrevista à RTP, a jurista explicou que a queixa não foi feita especificamente por causa de Montenegro, mas devido à vulnerabilidade do setor dos casinos ao branqueamento de capitais, um problema que considera grave em Portugal.
Ana Gomes baseou-se em informações públicas, recolhidas após a divulgação da ligação do primeiro-ministro aos casinos Solverde, e afirmou que o sistema português de regulação dos jogos é "absolutamente fictício". A ex-eurodeputada destacou que os controlos no país são "extremamente frouxos" e que os casinos, tanto físicos como online, são um setor propício à instrumentalização pela criminalidade organizada. Além disso, o Solverde aceita criptomoedas, o que aumenta os riscos.
A jurista também mencionou que o Grupo Solverde recebeu fundos europeus, o que justifica a necessidade de uma investigação a nível europeu. Outro ponto preocupante é o facto de a família dona da Solverde ter uma offshore, sem que tenham sido fornecidas explicações sobre a sua existência, o que levanta questões sobre a idoneidade da família para gerir casinos.
Ana Gomes enviou cópias da participação à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Polícia Judiciária (PJ) e à Unidade de Investigação Financeira, mas decidiu avançar com a queixa devido à "inação da Procuradoria". A PGR anunciou, dois dias depois, a abertura de uma investigação preventiva, baseada em informações públicas e com pedidos de dados a várias entidades.
Para Ana Gomes, há "indícios altamente preocupantes" ligados à supervisão do setor dos jogos e casinos, que é conhecido por ser vulnerável ao branqueamento de capitais. A participação da ex-eurodeputada é uma das três denúncias que levaram à abertura da averiguação preventiva, atualmente a decorrer no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).