O Plano de Ação para as Migrações, lançado pelo Governo há um ano, previa o reforço da oferta de aulas de português como língua não materna. No entanto, a Associação Renovar a Mouraria alerta que essa oferta continua a ser escassa, sobretudo através do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Joana Deus, coordenadora da associação, afirma à Antena 1 que “há muito pouca oferta para a procura e pela necessidade do português como ferramenta de integração”. A falta de regularidade dos cursos do IEFP também é um problema, sendo difícil prever quando estão disponíveis.
Para suprir esta carência, a associação, em parceria com a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, oferece cursos gratuitos de português, financiados pelo Fundo do Asilo, Migrações e Integração (FAMI). No entanto, Joana Deus destaca que este fundo sofreu um corte significativo, o que agravou a falta de recursos para aulas de português, uma necessidade que se estende a todo o país.
Este ano, o projeto já formou cerca de 70 alunos, com aulas realizadas na Universidade Sénior Saber Maior, em Lisboa. Numa das turmas, composta apenas por mulheres, as alunas partilharam desafios do dia a dia, como confundir palavras como “casaco” e “saco” ou lidar com a rapidez da fala em reuniões escolares. A falta de comunicação em inglês em consultas médicas também foi mencionada, destacando a importância das aplicações de tradução.
A professora Luciana Leitão enfatiza que grande parte das aulas é dedicada à conversação, para que as alunas se sintam à vontade a falar português. Apesar dos esforços, a continuidade destes cursos a longo prazo está em risco, dependendo de futuros financiamentos.
