A situação da medicina geral e familiar em Portugal atingiu um ponto crítico, segundo a Ordem dos Médicos (OM). Enquanto milhares de utentes continuam sem médico de família, especialistas na área estão sem colocação. O bastonário Carlos Cortes classificou o problema como uma questão de gestão, e não de falta de recursos. Dados do Serviço Nacional de Saúde (SNS) mostram que o número de utentes sem médico de família subiu de 1.564.203, em janeiro, para 1.633.701, em abril.
A OM exige a abertura de todas as vagas disponíveis em zonas carenciadas, alertando que é inaceitável desperdiçar profissionais qualificados e deixar populações sem cuidados de saúde. Além disso, defende concursos de mobilidade regulares para médicos, permitindo que atualizem o seu percurso às necessidades do sistema e das suas vidas pessoais. O atual bloqueio entre unidades de saúde é visto como desmotivador e prejudicial ao SNS.
Nas regiões mais desfavorecidas, a OM sugere que o Estado ofereça incentivos remuneratórios, habitacionais e formativos para atrair e fixar médicos. A ordem critica a falta de vontade política e visão estratégica, já que, anualmente, dezenas de especialistas não conseguem aceder a vagas no SNS onde são mais necessários. A inação do Ministério da Saúde, ao não abrir concursos nessas áreas, compromete o acesso da população a cuidados primários.