O estudo do Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (Labpats), a ser apresentado na Universidade Lusófona de Lisboa, revela um aumento preocupante de situações de assédio laboral. Entre 2021 e 2024, a percentagem média subiu de 16,5% para 27,7%. A psicóloga Tânia Gaspar, coordenadora do estudo, alerta que os dados variam entre 15% e 36%, dependendo das empresas, e que a maior atenção ao tema pode estar a contribuir para a deteção de mais casos.
O assédio laboral não se limita ao assédio sexual, incluindo também comportamentos subtis, como o isolamento de trabalhadores. Gaspar destaca a ligação entre o assédio e a saúde mental, sublinhando que as vítimas têm menos saúde mental, criando um ciclo vicioso. O burnout também está frequentemente associado ao assédio, com muitos casos a resultarem em sintomas de ansiedade e exaustão.
Os dados do Labpats mostram um aumento de pessoas com um ou dois sintomas de burnout e uma diminuição daquelas com três sintomas, sugerindo um aumento da irritabilidade e ansiedade, em vez de depressão. Gaspar relaciona este fenómeno com o clima mais agressivo e hostil na sociedade, que se reflete no ambiente de trabalho.
A especialista critica a falta de transparência e confiança nas organizações, sugerindo a criação de entidades externas de arbitragem para lidar com estas situações. Propõe ainda uma comunicação mais clara entre as hierarquias e a inclusão de mensagens de tolerância zero ao assedio nos processos de seleção. Gaspar defende também o apoio às lideranças, que muitas vezes agem de forma inadequada devido ao stress e pressão.
O Labpats dedica-se a estudar a saúde e bem-estar dos profissionais, ajudando a definir políticas que promovam um desenvolvimento saudável e sustentável nas organizações.